IPCA-15, confiança consumidor nos EUA e falas do Fed: os destaques desta 3ª

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A agenda econômica no Brasil nesta terça-feira (27) começa com a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de maio, às 9h, indicador que antecipa a inflação oficial do país e pode influenciar decisões sobre juros e política monetária. Analistas ouvidos pela Reuters projetam alta de 0,44% no índice em relação ao mês anterior e avanço de 5,50% na base anual.

Nos Estados Unidos, às 9h30, serão divulgados os dados sobre bens duráveis de abril, que mostram a demanda por produtos de longa duração e ajudam a medir o ritmo da atividade industrial e do consumo americano. Às 11h, sai o índice de confiança do consumidor da Conference Board.

Agenda

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participa as 8h30, de um café da manhã com líderes do Senado. O encontro será fechado à imprensa. Em seguida, das 10h às 12h30, ele participa da primeira sessão da 61ª reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) – Parte I. À tarde, Galípolo retoma os trabalhos da reunião do Comef, participando da segunda sessão do encontro, das 14h30 às 17h. À noite, das 18h30 às 19h30, o presidente do BC participa da abertura da exposição “Cenas Brasileiras – O Modernismo em Perspectiva”, promovida pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em Brasília. Esta última atividade será aberta à cobertura da imprensa.

Também estão no radar os discursos do presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, e do presidente do Fed de Nova York, John Williams.

Brasil

9h – IPCA-15 (maio)

EUA

9h30 – Bens duráveis (abril)

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11h – Confiança do consumidor

INTERNACIONAL

Afronta

O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) afirmou que possíveis sanções dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes seriam uma “grave afronta à soberania brasileira”. A nota, aprovada na segunda (26), critica a iniciativa da gestão de Donald Trump, classificada como uma ameaça sem precedentes a uma autoridade da Suprema Corte. O CNDH também pediu uma reunião com o embaixador dos EUA e apelou para que o governo americano encerre imediatamente os estudos sobre as sanções.

Ligação

Uma ligação entre Donald Trump e Ursula von der Leyen deu novo impulso às negociações comerciais entre EUA e União Europeia. Trump recuou da ameaça de impor tarifas de 50% sobre importações do bloco e restabeleceu o prazo de 9 de julho para chegar a um acordo. Segundo a Comissão Europeia, as conversas foram iniciadas por von der Leyen. Apesar da trégua temporária, analistas questionam se houve avanço real nos entraves. A UE pede tempo para negociar, enquanto os EUA exigem mais abertura do mercado europeu. As discussões seguem em andamento, com impacto direto sobre setores como o automotivo e o de bens de luxo.

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Tesla

As vendas de veículos da Tesla despencaram 49% em abril, enquanto a fabricante americana de carros elétricos enfrenta impactos na reputação regional e uma concorrência cada vez mais acirrada.

ECONOMIA

Frango

As exportações brasileiras de carne de frango caíram 1,5% em maio até a quarta semana, após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em granja comercial no Rio Grande do Sul. Segundo dados da Secex, a média diária de exportação foi de 19,9 mil toneladas, inferior às 20,2 mil de maio de 2023. Mais de 40 países impuseram embargos, incluindo grandes compradores como China, UE e México. Alguns mercados, como Japão e Emirados Árabes, restringiram apenas produtos de regiões específicas. O governo trabalha para conter novos casos e manter o status sanitário, com 12 suspeitas ainda em investigação.

Saque automático

O Banco Central (BC) passa a permitir, a partir desta terça-feira (27), o saque automático de valores esquecidos em bancos. A nova funcionalidade do Sistema Valores a Receber (SVR) dispensa consultas manuais frequentes, bastando uma autorização única. O serviço é exclusivo para pessoas físicas com chave Pix vinculada ao CPF. Para habilitar, é necessário acesso à conta Gov.br de nível prata ou ouro, com verificação em duas etapas. O depósito será feito diretamente na conta do usuário. Bancos que não aderirem à devolução via Pix seguirão exigindo solicitação manual. Contas conjuntas também continuam com resgate manual.

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Transações correntes

O Brasil registrou déficit em transações correntes de US$1,35 bilhão em abril, menor que o esperado pelo mercado. Os investimentos diretos no país somaram US$5,49 bilhões, superando as projeções. Com isso, o IDP acumulado em 12 meses cobre o rombo das contas externas. A redução no envio de lucros e dividendos ao exterior ajudou a conter o déficit. A balança comercial teve superávit menor e a conta de serviços, leve melhora. Empresas de apostas online reduziram fortemente a saída de recursos após novas regras. Já as remessas para criptoativos também caíram no mês.

Leilão do BC

O Banco Central anunciou nesta segunda-feira, 26, por meio de comunicado, a realização nesta terça-feira de leilão de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) de até US$ 1 bilhão para rolagem de vencimentos de 2 de julho de 2025. A oferta ocorrerá das 10h30 às 10h35.

Abaixo do preço

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que os preços da gasolina, do diesel e do querosene de aviação (QAV) estão abaixo da paridade de importação e podem cair ainda mais, dependendo da cotação do petróleo. Segundo ela, os valores atuais estão em patamares “confortáveis” e a estatal avalia o mercado quinzenalmente. Desde 1º de abril, o diesel já teve três reduções, acumulando corte de R$ 0,45 por litro. O petróleo Brent está em torno de US$ 65, bem abaixo do pico anual de US$ 82 em janeiro. O dólar, outro fator relevante, também está mais estável, abaixo de R$ 6.

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Inadimplência

A inadimplência do produtor rural pessoa física chegou a 7,6% ao fim de 2024, alta de 0,8 ponto percentual em relação a 2023, reflexo de quebras de safra e juros elevados, segundo a Serasa Experian. O índice considera dívidas vencidas há mais de 180 dias e ficou estável frente ao terceiro trimestre. A estabilidade, segundo Marcelo Pimenta, da Serasa, se deve à restrição de crédito e à resiliência do setor. O indicador vem subindo nos últimos anos: era 5,9% em 2021. Em 2024, houve alta de 138% nos pedidos de recuperação judicial no agro. Ainda assim, o índice do campo é menor que o de comércio (35,4%) e serviços (55,3%). Entre os produtores, os grandes lideram a inadimplência, com 10,2%.

POLÍTICA

Impacto

O governo estima que a possível derrubada do decreto que elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) pode travar até R$ 12 bilhões em emendas parlamentares. A medida comprometeria a arrecadação de R$ 20,5 bilhões prevista para 2025, dificultando o cumprimento da meta de déficit zero. A oposição já protocolou projetos para sustar o decreto, o que exigiria novo congelamento de despesas, que pode subir de R$ 31,3 bilhões para R$ 51,8 bilhões. Na segunda-feira (26), a LDO permite que emendas sejam bloqueadas proporcionalmente às demais despesas. A pressão política cresceu após o governo recuar de trechos polêmicos do decreto, como a taxa sobre fundos no exterior. Parlamentares acusam o Executivo de tentar impor mais impostos ao país.

Mudança de rota

O ministro Fernando Haddad afirmou que o governo decidirá até o fim da semana como compensar a arrecadação perdida com o recuo parcial no aumento do IOF, optando entre contingenciamento ou substituições. Após críticas, o governo reviu parte da medida, com impacto estimado de R$ 2 bilhões neste ano. A meta continua sendo déficit primário zero. Haddad destacou a responsabilidade do Congresso nas despesas obrigatórias e disse que o Executivo trabalha para estabilizar o orçamento. Ele também ressaltou o avanço da reforma tributária e os investimentos em infraestrutura como pilares da nova política industrial.

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Críticas

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), criticou na segunda-feira (26) o aumento do IOF anunciado pelo governo Lula, afirmando que “o Brasil não precisa de mais imposto, precisa de menos desperdício”. A medida gerou reação imediata da oposição, que apresentou diversos projetos para sustar os decretos. Reservadamente, líderes do Congresso demonstraram insatisfação por não terem sido avisados com antecedência. O governo recuou de parte das alterações após repercussão negativa e tenta conter danos para evitar novo desgaste como no caso da taxação do Pix.

Em defesa

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, saiu em defesa de Haddad, na segunda-feira (26), e sugeriu o aumento da taxação sobre apostas esportivas, as chamadas bets, como alternativa ao reajuste do IOF. Durante evento no Rio de Janeiro, Mercadante criticou protestos de entidades empresariais e cobrou propostas concretas. Segundo ele, elevar o IOF seria menos danoso do que manter a taxa Selic alta.

Universidades federais

O presidente Lula deve anunciar nesta semana uma recomposição de R$ 340 milhões para universidades federais, após o congelamento de R$ 31,3 bilhões no Orçamento de 2025. O valor, superior aos R$ 249 milhões pedidos pela Andifes, será remanejado internamente, sem crédito extra. A medida busca amenizar os impactos do decreto que limitou os repasses discricionários a 61% até novembro. Com o bloqueio, instituições adotaram cortes emergenciais, como suspensão de transportes e serviços. Mesmo com recomposições recentes, o orçamento segue abaixo do patamar pré-pandemia. O detalhamento dos cortes por pasta será divulgado até o fim do mês.

Trama golpista

O agente Cristian Schneider afirmou ao STF que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) montou um gabinete dentro do Palácio do Planalto durante o governo Bolsonaro, com acesso direto ao presidente, fora do comando formal do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Segundo ele, essa foi a primeira vez que a Abin teve espaço próprio no Planalto. A PGR investiga uso político da Abin para vigilância e perseguição. Ramagem e seu sucessor tinham contato direto com Bolsonaro, sem passar pelo ministro do GSI. A agência atuava em riscos logísticos eleitorais, não na segurança técnica das urnas.

Abertura de inquérito

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra o deputado Eduardo Bolsonaro por buscar sanções nos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes. O pedido, relatado por Moraes, aponta que Eduardo tenta intimidar agentes públicos que investigam seu pai, Jair Bolsonaro. A PGR acusa coação no curso do processo e obstrução da Justiça. Sanções contra Moraes foram mencionadas pelo secretário de Estado americano Marco Rubio. O governo brasileiro intensificou o diálogo diplomático para evitar medidas contra o magistrado.

Reação

Eduardo Bolsonaro reagiu dizendo que os processos no Brasil viraram “meio de achaque” e comparou a situação a ações de mafiosos. Ele afirmou que o pedido da PGR confirma que o país vive um “estado de exceção” influenciado por interesses políticos. Para ele, as investigações contra seu pai são perseguições.

Pedido de cassação

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), anunciou que vai pedir a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética. Lindbergh afirma que, mesmo licenciado, Eduardo ainda é deputado e suas ações são graves, conspirando contra o STF. Segundo ele, é uma injustiça deixar isso sem punição porque Eduardo promove um ataque institucional.

(Com Reuters, Estadão e Agência Brasil)

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