Contrato Futuro (BITFUT) terá custo reduzido em meio à negociação recorde

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As negociações de contratos futuros de bitcoin (BITFUT) na B3 bateram recorde na última semana, atingindo a marca de 432 mil operações em apenas um pregão, movimentando mais de R$ 26 bilhões. E um novo fator, em poucos dias, poderá ampliar ainda mais o volume negociado.

Segundo Felipe Gonçalves, head de Produtos da B3, junto com a redução do tamanho do contrato do Futuro de Bitcoin, em dez vezes, previsto para entrar em vigor a partir de 16 de junho, os custos serão proporcionalmente diminuídos, também em dez vezes.

“Quando desenhamos o produto, lá atrás, o preço do bitcoin estava em outro patamar. Desde o começo queríamos criar um produto com um tamanho menor, justamente para dar acesso a clientes menores”, disse, em entrevista ao InfoMoney.

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“O que aconteceu é que o bitcoin deu um salto de valor e agora estamos fazendo essa redução, em dez vezes, para ficar num tamanho menor, até em relação ao que tínhamos previsto lá começo do desenho do produto.”

Dessa forma, diz ele, mesmo que o valor do bitcoin dispare mais, daqui para frente, seguirá equivalendo a 0,01 do preço cheio. Atualmente, o valor do contrato é equivalente a 0,1 bitcoin, ou seja, 10% do valor da criptomoeda em reais.

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Isso significa que quem negociar 10 contratos no novo padrão pagará o equivalente à negociação de 1 contrato atual.

Ele destaca, no entanto, que o custo total de negociação vai muito além das tarifas cobradas pela B3. “O custo de spread, por exemplo, é muito relevante quando se opera um produto.”

Com a redução do tamanho do contrato, a expectativa é de que a liquidez aumente, o que tende a comprimir ainda mais os spreads e reduzir o custo efetivo das operações.

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Com a redução no tamanho do contrato, a margem de garantia exigida para operações de day trade também será proporcionalmente ajustada para R$50,00 por contrato, tornando o produto ainda mais acessível aos traders.

BITFUT: Recordes

Os valores recordes dos contratos de BITFUT foram impulsionados em maio, especialmente, por dois fatores: um deles, a entrada de investidores dos EUA, após a autorização da CFTC (Commodity Futures Trading Commission), órgão local, para que americanos operem o produto.

O outro diz respeito ao próprio momento do bitcoin, que tem batido recordes sucessivos de preços, diante do aumento da demanda de institucionais após o novo capítulo da guerra comercial entre EUA e China.

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Também contribuem para a alta do preço do criptoativo a expectativa da evolução da regulação cripto nos EUA e o rebaixamento, recentemente, do rating dos EUA.

“O produto é altamente correlacionado, obviamente, com o mercado cripto”, afirmou.

Nos últimos doze meses, o preço do bitcoin, em dólares, saltou da faixa dos US$ 69,3 mil para US$ 107,6 mil – um avanço superior a 50%.

Com isso, a B3 avalia que o produto já permite operação por clientes de todos os portes. “Hoje, qualquer cliente de qualquer tamanho, mesmo fundos grandes, tem condições de operar o contrato”.

Movimento estratégico

A B3 vai reduzir em dez vezes o tamanho do contrato futuro de Bitcoin, em um movimento estratégico para tornar o derivativo mais acessível a diferentes perfis de investidores e facilitar o gerenciamento de risco por parte do trader.

A alteração não resultará na criação de um novo contrato, mas sim na modificação do tamanho do contrato atual. Será uma substituição direta.

“É uma alteração semelhante a um split de ações. Vai ter um dia de corte, em que os clientes que tiverem 1 contrato futuro na carteira, no dia seguinte, terão a quantidade de contratos multiplicada por 10”, explicou.

O código de negociação e o vencimento do contrato será mantido o mesmo. A mudança também busca garantir consistência operacional ao produto para não prejudicar a dinâmica de mercado.

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Ampliação de base de investidores

Com a nova configuração, a B3 pretende ampliar ainda mais a base de investidores, em especial do varejo, que antes via o contrato como distante da sua realidade financeira.

Segundo Gonçalves, a B3 segue monitorando a adoção do produto e está aberta a novas evoluções. “Essa é a base que a gente parte com essa redução de tamanho… agora a gente tem sim olhado para movimento em custos, ajustes. Isso a gente tem olhado também.”

O movimento mostra uma postura ativa da bolsa em adaptar seus produtos à realidade do mercado cripto, buscando conciliar sofisticação operacional com inclusão e acessibilidade.

Balanço de 1 ano

Neste primeiro ano de funcionamento do BITFUT, foram movimentados R$ 2 trilhões em volume financeiro. Segundo dados da DataWise+, plataforma da B3 e Neoway, a quantidade de futuros negociados entre abril de 2024 e abril de 2025 totalizou mais de 41 milhões de contratos.

“Foi um primeiro ano realmente muito bom, eu diria que acima do que a gente costuma a ter com produtos novos em geral”, afirmou Gonçalves.

Segundo ele, os contratos futuros costumam demorar para ganhar adesão significativa, mas o BITFUT contrariou essa tendência. “Esse foi um produto que teve um crescimento realmente muito forte, muito rápido”.

O executivo destaca a importância de se ter produtos cripto no mercado tradicional. Ele cita como diferencial a transparência de preço, a segurança de operação com contraparte central e a liquidez. “Você tem um ambiente de muita liquidez, está todo mundo negociando ali no mesmo lugar de forma transparente”.

O executivo também menciona o esforço comercial conjunto com corretoras para ampliar a base de investidores, incluindo o público pessoa física e o institucional.

“Tem um espaço grande ainda… dentro do público de pessoa física, por exemplo, tem muito espaço para crescer quando a gente compara com a quantidade de pessoas que operam os minis (contratos de índice e dólar)”.

Perspectiva de longo prazo

Gonçalves acredita que o produto está apenas no início de sua jornada. “Um ano é realmente muito pouco”, afirmou. Para ele, o desenvolvimento do contrato está atrelado à própria evolução do mercado de cripto como um todo.

“Tem essa evolução do produto por ele ser novo e tem a própria evolução do mercado de cripto como um todo”.

Hoje, a maioria dos investidores que operam BITFUT faz day trade, mas a expectativa é de equilíbrio com o tempo.

“Esse tipo de público day trade, ele foi o público que entrou mais forte no produto. À medida que novos clientes institucionais entram, novas estratégias entram, inclusive a proporção day trade e não day trade muda também”.

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