A retomada do emprego formal no Brasil já reflete no mercado de saúde suplementar. O número de brasileiros com planos médico-hospitalares no País, em março de 2025, chegou a 52,1 milhões de beneficiários, o maior patamar da série constatado na 105ª edição da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), publicada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
Leia também: ANS apresenta novas propostas para planos de saúde: o que muda para ações do setor?
Nos 12 meses encerrados em março, o Brasil gerou 1,6 milhão de novos empregos com carteira assinada, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Novo Caged.
Continua depois da publicidade
No mesmo período, os planos de saúde coletivos empresariais, vinculados ao mercado formal, cresceram 3,5%, com a adesão de 1,27 milhão de novos usuários. Hoje, essa modalidade responde por 72% dos vínculos ativos no setor.
“Há uma correlação direta entre o crescimento do emprego formal e o aumento da cobertura dos planos empresariais, o que reafirma a importância do vínculo empregatício para o acesso à saúde suplementar no Brasil.”, afirma o superintendente executivo do IESS, José Cechin.
Segundo ele, o mercado de trabalho, no entanto, passa por transformações estruturais, como o avanço do empreendedorismo, da informalidade e de novas formas de prestação de serviço. “Será cada vez mais necessário discutir como a saúde suplementar vai se ajustar a essa nova dinâmica”, alerta.
Continua depois da publicidade
Leia também: Planos de saúde ‘ganham’ mais de 850 mil novos usuários em um ano, aponta ANS
Número de beneficiários em planos de saúde
- Médico-hospitalares: 52.127.407
- Odontológicos: 34.600.473
Histórico dos planos empresariais
Conforme análise da NAB, o crescimento da cobertura nos planos coletivos empresariais é ainda mais expressivo quando se observa a série histórica. Em 2000, esses planos somavam cerca de 6 milhões de beneficiários. Hoje, são mais de 37,6 milhões, o que representa um salto de 520% em 25 anos.
Em contrapartida, os planos individuais ou familiares, que enfrentam restrições regulatórias para novos contratos e reajustes, vêm perdendo espaço. No último ano, essa modalidade registrou queda de 1,3% no número de beneficiários.
Continua depois da publicidade
A retração também atingiu os planos por adesão, geralmente voltados a profissionais de categorias organizadas por sindicatos ou associações.
“O crescimento observado no último ano concentrou-se exclusivamente nos contratos empresariais. Isso mostra a urgência de políticas públicas voltadas à sustentabilidade e diversificação do acesso à saúde suplementar”, afirma Cechin.
Desempenho regional
Entre os estados, São Paulo liderou a expansão dos planos médico-hospitalares, com 295 mil novos beneficiários. O estado também foi destaque nos planos exclusivamente odontológicos, com mais de 517 mil novas adesões. Na outra ponta, o Rio de Janeiro apresentou a maior retração, perdendo 126,7 mil vínculos médico-hospitalares.
Continua depois da publicidade
O segmento de planos odontológicos também registrou crescimento expressivo, com 2 milhões de novos vínculos em 12 meses, alcançando um total de 34,6 milhões de beneficiários, alta anual de 6,2%.
Perspectivas
Para o IESS, os dados sinalizam não apenas uma recuperação no pós-pandemia, mas uma consolidação do papel dos planos empresariais como principal porta de entrada para a saúde privada no Brasil. No entanto, a concentração dessa modalidade também acende um alerta: com a transformação das relações de trabalho, cresce a necessidade de debater novos modelos de acesso e financiamento, especialmente para trabalhadores fora do regime CLT.
“Déficits de acesso à saúde suplementar acabam pressionando ainda mais o SUS. Ampliar alternativas sustentáveis no setor privado também é uma questão estratégica de política pública”, avalia Cechin.
Continua depois da publicidade
Leia Mais: Posso deduzir do IR plano de saúde empresarial pago com minha conta pessoal?
SÉRIE GRATUITA
Curso de Fundos Imobiliários
Aprenda estratégias para ganhar uma renda extra investindo em FIIs