Só uma a cada 10 empresas do país afirma ter pessoas da geração Z ocupando cargos de liderança, de acordo com o InstitutoZ, braço de pesquisa e capacitação da Trope [trope.se], consultoria de GenZ e Alpha, em parceria com a MMA Latam.
Embora parte da geração Z ainda não tenha experiência profissional para encarar uma posição de liderança – essa parcela da população tem entre 15 e 29 anos -, a outra parte mais madura já está em condições de assumir este desafio, mas vem esbarrando nas características do mercado de trabalho.
A pesquisa aponta que só 23% das empresas afirmam ter um time de diferentes idades; 10% afirmam ter um time de diferentes idades, incluindo posições de tomada de decisão; 20% declararam ter um time de 30 a 40 anos, incluindo lideranças; e 5% disseram que o time é majoritariamente de 40 a 50 anos, assim como as lideranças.
Preconceito e desinteresse
A resposta para este gap está ligada ao preconceito contra os jovens, mas também ao desinteresse deste grupo em ocupar posições de hierarquia nos moldes como estão definidos hoje, afirma Luiz Menezes, fundador da Trope.
Para as empresas, isso faz com que os talentos sejam desperdiçados e as oportunidades de diversificar a tomada de decisão sejam perdidas, além de afastar estratégias mais eficazes para vender e se comunicar com este público, avalia.
Quem é a GenZ
Isso reflete em perdas de oportunidades. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que 2,62 bilhões da população mundial é GenZ. No Brasil, são 51 milhões de pessoas – 24,5 milhões são ativos no mercado de trabalho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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São pessoas que passaram parte da vida lidando com crises, incluindo a de Covid-19. “Claro que essas crises impactam todo mundo, mas essa geração estava estudando, entrando no ensino médio ou chegando ao curso superior. Isso afetou muito a percepção de mundo, segurança e estabilidade”, avalia Mendes.
GenZ na liderança
Assim, quando estes jovens entram no mercado de trabalho, eles passam a analisar se vale a pena permanecer cinco ou mais anos em uma empresa para alcançar um cargo de liderança.
“Para conseguir crescer na empresa, esse jovem vai ter que se dedicar, e o tempo é muito longo, os treinamentos são defasados, tudo é penoso. Ele olha para a vida dele e vê tudo que aconteceu em cinco anos e começa a se perguntar: ‘Será que faz sentido eu ficar cinco anos da minha vida aqui dentro?’”, diz Mendes.
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Ele explica que, com esses questionamentos em mente, a geração Z deixa de ver no emprego formal a única forma de conseguir remuneração. “Eles vêem que a estabilidade é ilusória e passam a questionar o modelo CLT, começam a empreender em paralelo, vão atrás de outros trabalhos e formas de remuneração, muitas vezes de forma online.”
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Conflito geracional
Para Mendes, o ponto principal é que as empresas estão perdendo a oportunidade de “passar o bastão” para as gerações mais novas, sem estimular que os grupos de trabalho e de decisão sejam permeados por diferentes pontos de vista.
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“A gente tá enfrentando crise climática, crise política, tem guerra, crise econômica, instabilidade fiscal, são muitas mudanças. Precisamos ver o quanto isso impacta no coletivo e o quanto a gente tá treinando e capacitando as novas gerações para conseguirem pegar o bastão e segurar da forma certa para conseguir lidar com tudo isso”, pondera.
Oportunidade de negócios
Por outro lado, a percepção das empresas sobre a GenZ ainda é guiada por estereótipos amplos que não capturam a diversidade contida dentro deste grupo.
Os dados apontam que 90% das empresas acreditam que a GenZ é viciada em internet e 75% das empresas acreditam que essa geração tem impacto limitado ou nulo nas vendas.
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Neste contexto, as empresas estão perdendo oportunidades de negócios. Mendes afirma que funcionários da GenZ em cargos de liderança poderão se comunicar melhor com este público, gerando identificação.
Isso poderia melhorar os índices de aposta neste nicho. A pesquisa indica que uma a cada três empresas não têm estratégia específica para GenZ, e quase metade aposta em redes sociais para falar com este público, seguido por influenciadores.
Na análise de Mendes, a identificação poderá comunicar melhor aos clientes, que guiam as decisões de compra pela qualidade do produto, avaliação de outros consumidores, preço e reputação da marca – fatores que podem ganhar muito quando a diversidade geracional é colocada dentro da empresa, avalia.