o que isso indica para as ações

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A presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Magda Chambriard, disse na última terça, 13, que o período que a empresa vê pela frente é “mais desafiador ainda” do que o que passou.

“Quando o preço (do petróleo) desce, é hora de apertar os cintos”, disse ela, ressaltando que palavras como austeridade, simplificação e otimização de projetos estarão presentes no discurso da companhia a partir de agora. “Vamos simplificar projetos, já estamos endereçando, como grandes petroleiras. Não poderia ser diferente com um cenário de petróleo a US$ 65”, disse, enfatizando que a empresa buscará a redução de custos.

Embora tenha subido ontem – o preço do barril do Brent fechou a US$ 66,63, com alta de 2,57% no dia embalada pela trégua na disputa comercial entre os Estados Unidos e a China -, os preços do petróleo estão historicamente baixos. Por isso, Magda destacou a disciplina de capital como forma de baixar custos. “Não estamos aqui para gastança, é tempo de controle de gastos.”

Nesse processo, ela disse, a companhia vai revisar seu Plano Estratégico de 2026 a 2030, considerando o desafio do preço do petróleo. “Estamos comprometidos com gastos a níveis adequados ao preço do petróleo atual”, disse Magda. “Continuaremos ganhando dinheiro para os investidores, seja governo ou os privados.”

No auge da pandemia da covid-19, por exemplo, quando o petróleo tipo Brent chegou ser cotado a US$ 20 por barril, na pior crise da indústria petrolífera em 100 anos, a estatal teve de colocar 62 plataformas em hibernação, paralisando a produção.

Austeridade

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De acordo com Mahatma Ramos dos Santos, diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), a Petrobras terá mesmo de rever seus projetos caso o preço do petróleo se mantenha no patamar atual. Ele lembra que no Plano de Negócios 2025-2029 da estatal, uma das premissas para ter os resultados financeiros projetados é uma cotação média do Brent em US$ 83 por barril em 2025.

“Esse temor, apontado na fala da presidente Magda, reflete um sentimento geral da indústria, mas também uma preocupação com a saúde financeira e a rentabilidade dos próprios projetos da Petrobras”, disse Santos.

O diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, também reforçou que a empresa deve seguir um plano de austeridade, com medidas de curto, médio e longo prazos. Questionado sobre a execução dos investimentos já programados, ele disse que o compromisso é com a sustentabilidade da empresa. Segundo ele, este segundo trimestre ainda terá um carrego da alta de investimentos relativa ao quarto trimestre de 2024, mas, depois disso, isso não prosseguirá.

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“É lógico que o momento de hoje é muito diferente… diante do movimento de queda (de preços do petróleo), do jeito que aconteceu, de US$ 80 para US$ 60 (por barril), é natural que se faça a revisão, quando se olha o portfólio, a estrutura de custos é muito diferente”, diz o analista de energia da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman.

Margem equatorial

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A presidente da Petrobras disse entretanto que a companhia acredita no potencial da Margem Equatorial e, portanto, seguirá “brigando” para obter a licença para a exploração da região com os investimentos já previstos. “Uma companhia de petróleo não tem futuro sem exploração. Buscamos novas reservas enquanto trabalhamos nos campos já descobertos”, disse. “Temos sido bem-sucedidos na agregação de reservas, principalmente no pré-sal.”

De acordo com a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, o planejamento da companhia prevê investimentos de US$ 3 bilhões para a Margem Equatorial com a perfuração de cinco poços. “Já entregamos todos os pedidos do Ibama e aguardamos Ibama verificar”, disse Sylvia.

Preço baixo pode afetar dividendos, diz diretor

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O diretor Financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, disse ontem que, se o preço do petróleo tipo Brent continuar baixo, diminuem as chances de a empresa pagar proventos extraordinários neste ano. Segundo ele, se o caixa da companhia for superior ao caixa mínimo estabelecido, os extraordinários são pagos.

“A gente viu que dividendos extraordinários devem ser conversados no Plano Estratégico”, disse Melgarejo.

No balanço divulgado na noite de segunda-feira, 12, a estatal informou que seu conselho de administração aprovou o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) intercalares no valor de R$ 11,72 bilhões. A quantia equivale a R$ 0,90916619 por ação ordinária e preferencial em circulação, como antecipação da remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2025, com base no balanço de 31 de março.

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No atual Plano de Negócios da companhia, relativo ao período 2024-2029, as metas estabelecidas de resultados têm como premissa o preço do barril do petróleo do tipo Brent cotado a R$ 83. Ontem, mesmo com alta de 2,57%, a cotação do Brent fechou em US$ 66,63.

Na mesma entrevista sobre os resultados da estatal no primeiro trimestre, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que o Plano de Negócios é o guia da gestão e que a empresa seguirá com sua execução. Segundo ela, a companhia vai continuar em ramp up (aumento de produção) até 2030 ou 2032, o que tende a aumentar o caixa da empresa.

Qual a visão do mercado?

Na visão do Bradesco BBI, a mensagem da administração foi positiva, reiterando a projeção de investimento em capital para o ano e sinalizando corte de custos e recuperação do Ebitda de gás e energia.

Embora o investimento em caixa esteja acima da nossa estimativa anual de US$ 13,5 bilhões (provavelmente próximo de US$ 15,5 bilhões), o leasing está US$ 2 bilhões abaixo da projeção do BBI, em US$ 8 bilhões (contra US$ 10 bilhões do BBIe). Portanto, o total de despesas de investimento + leasing continua em linha com as estimativas do BBI, em US$ 23-US$ 24 bilhões para 2025.

O Goldman Sachs ajustou as suas estimativas para a Petrobras para refletir os lucros do 1º trimestre. No total, espera agora que a empresa pague aproximadamente US$ 8,2 bilhões em dividendos em 2025 (com base exclusivamente na política de remuneração de acionistas da empresa), com um dividend yield (dividendo sobre o preço da ação) implícito de 11% (assumindo preços médios do petróleo de US$ 66/barril em 2025, com base na curva futura).

O banco também acredita também que o cenário atual de preços mais baixos do petróleo pode limitar o espaço para a potencial distribuição de dividendos extraordinários em um futuro próximo, visto que a distribuição de dividendos ordinários deve superar o FCFE, ou Fluxo de Caixa Livre para o Patrimônio Líquido (dividend yield de 11% em 2025).

O Goldman manteve a recomendação de compra, principalmente com base em um carregamento atrativo com base em dividendos, mesmo em um cenário de preços de petróleo fracos.

Após o resultado e a teleconferência, a Genial Investimentos seguiu com a recomendação de manutenção para as ações da PETR4.

O foco claro na tele ficou com: (i) austeridade, (ii) disciplina de capital e (iii) redução de custos.

“Entendemos que o resultado desse trimestre foi razoável em termos de operação, mas o ainda alto nível de capex e preços de Brent (US$60-65/barril) mais baixos pressionaram negativamente. Dito isso, entendemos que a teleconferência ressaltou a preocupação da diretoria com um cenário mais adverso ao preço da commodity”, reforça.

(com Estadão Conteúdo)

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