falta um mês para torneio da FIFA que pode revolucionar calendário

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A FIFA prepara aposta em uma revolução silenciosa no futebol mundial. Em exatamente um mês, no dia 14 de junho, terá início o Super Mundial de Clubes, nos Estados Unidos, com 32 equipes de todos os continentes. Mais do que um novo torneio, o campeonato é a grande aposta da entidade para reformular o calendário global dos clubes e criar um evento com o peso comercial e esportivo da Champions League — mas com a vantagem de ser disputado em apenas um mês.

Não se pode tirar de vista a disputa política que a entidade também trava com a UEFA, que comanda o futebol europeu.

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Com a competição programada para acontecer a cada quatro anos, sempre em uma janela fixa, a FIFA quer centralizar as atenções do futebol de clubes em um torneio intercontinental curto, rentável e de ampla exposição global. A ideia é que o Super Mundial se torne um ponto alto fixo no ciclo do futebol, obrigando ligas nacionais e confederações continentais a se adaptarem e reorganizarem seus calendários.

Mais do que ambição esportiva, trata-se de uma estratégia de mercado. O torneio foi desenhado para rivalizar com as competições de elite, como a Liga dos Campeões da UEFA, que hoje reina absoluta em termos de visibilidade e retorno financeiro. A FIFA, no entanto, aposta no formato compacto e na força global de sua marca para transformar o Super Mundial em uma nova referência.

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Dinheiro como trunfo

Para garantir adesão e relevância, a FIFA preparou uma premiação bilionária. Serão distribuídos US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,8 bilhões) entre os participantes. Cada clube brasileiro classificado já tem assegurado US$ 15,21 milhões (cerca de R$ 86 milhões) apenas por estar na disputa. O campeão pode faturar até US$ 125 milhões (R$ 713 milhões), considerando os bônus por vitórias e avanço de fases.

O modelo prevê prêmios escalonados:

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  • Fase de grupos: US$ 2 milhões por vitória e US$ 1 milhão por empate
  • Oitavas de final: US$ 7,5 milhões
  • Quartas de final: US$ 13,125 milhões
  • Semifinais: US$ 21 milhões
  • Vice-campeão: US$ 30 milhões
  • Campeão: US$ 40 milhões

Além disso, clubes europeus receberão valores extras entre US$ 12,81 milhões e US$ 38,19 milhões, conforme ranking baseado em critérios esportivos e comerciais.

Para viabilizar essa cifra, a FIFA abriu mão de qualquer lucro direto: todo o dinheiro arrecadado com patrocínio, bilheteria e transmissão será destinado aos clubes, após o abatimento dos custos operacionais.

Comparações inevitáveis

A Champions League, a maior competição de clubes da Europa, que serve de modelo comercial para o novo torneio, distribui anualmente € 2,45 bilhões (R$ 15 bilhões) entre os clubes participantes. Na última edição, o Real Madrid, por exemplo, arrecadou ao menos € 85,14 milhões (R$ 478 milhões).

Já a Libertadores 2024, organizada pela Conmebol, pagou, no total, US$ 225,9 milhões (R$ 1,13 bilhão). O Botafogo, por ter começado a campanha na Pré-Libertadores, recebeu cerca de R$ 200 milhões pelo título.

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Assim, com prêmios próximos ou superiores a esses torneios, o Super Mundial chega com peso inédito e com potencial de atrair ainda mais atenção de clubes e torcedores nos próximos ciclos.

Brasileiros na disputa

Quatro times brasileiros participarão da edição inaugural do Super Mundial: Palmeiras, Flamengo, Fluminense e Botafogo, atual campeão da Libertadores. A América do Sul ainda será representada por Boca Juniors e River Plate.

Na lista dos grandes nomes europeus estão Real Madrid, Bayern de Munique, Manchester City, Chelsea, Atlético de Madrid e Inter de Milão. Do restante do mundo, destacam-se o Al Ahly, do Egito, maior vencedor africano, e o Inter Miami, dos Estados Unidos, que conta com Lionel Messi como sua principal estrela.

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Transmissão e patrocinadores

O evento terá peso global também fora das quatro linhas. Entre os patrocinadores estão marcas de renome internacional: Bank of America, Hisense, AB InBev, Coca-Cola e Visa. Os direitos de transmissão foram vendidos para a plataforma Dazn, com permissão de revenda para cada país. No Brasil, a cobertura ficará por conta da Globo e da Cazé TV.

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Impacto no calendário e no futebol

A realização do torneio entre junho e julho obriga federações e ligas a se adaptarem. No Brasil, por exemplo, o Campeonato Brasileiro terá pausa no calendário para que os clubes possam participar da competição sem sobrecarga. A FIFA argumenta que, ao concentrar o torneio em uma janela específica a cada quatro anos, será possível evitar conflitos com outras competições e ainda fomentar novos modelos de negócios para o futebol de clubes.

Mais do que uma simples disputa esportiva, o Super Mundial é um laboratório de poder e influência da FIFA sobre o calendário e o mercado do futebol internacional. Se for bem-sucedido, pode se consolidar como o novo grande marco do esporte — e desafiar as hegemonias de Champions League como o torneio de clubes mais importante do mundo.

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