Ruínas de Palmira: conexão ancestral entre Oriente e Anápolis

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Ruínas de Palmira contam a história de uma civilização que ecoa até Anápolis

Valorizar a história de Palmira é, em parte, valorizar a própria história de
tantas famílias que ajudaram no desenvolvimento do município goiano.

No coração do deserto sírio, colunas de pedra se erguem sob o sol escaldante,
como testemunhas silenciosas de uma civilização que, mesmo diante da destruição
e da guerra, insiste em permanecer viva. Esta é Palmira — ou Tadmur, como é
chamada em árabe — uma das cidades antigas mais emblemáticas do mundo, cujo
legado ainda ecoa nos descendentes da imigração sírio-libanesa espalhados pelo
Brasil, especialmente em Anápolis.

Fundada há mais de dois mil anos, Palmira foi uma encruzilhada entre o Oriente e
o Ocidente. Seu apogeu se deu nos séculos II e III d.C., quando servia de ponto
estratégico nas rotas comerciais que conectavam Roma à Pérsia, Índia e China.
Sob o domínio romano, contudo, a cidade floresceu como centro de arte, cultura e
espiritualidade. Era um verdadeiro oásis de pedra em meio à vastidão árida da
Síria Central.

Entre as figuras históricas de maior destaque está Zenóbia, a lendária rainha
que desafiou o poder de Roma e governou vastos territórios do Oriente. Sua ousadia
e erudição entraram para a história e tornaram-se símbolos de
orgulho para muitos com raízes naquela região.

RUÍNAS E RESISTÊNCIA

Local
volta a receber turistas timidamente após longo período (Foto: Bernard
Gagnon/Wikipedia)

Declarada Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco em 1980, Palmira resistiu
ao tempo, mas sofre com os horrores do presente. Durante a guerra civil síria,
contudo, a cidade foi ocupada por grupos armados e, em 2015, caiu nas mãos do
grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Os jihadistas destruíram monumentos milenares, como os templos de Bel e Baal
Shamen, o Arco do Triunfo e o teatro romano. O atentado ao patrimônio foi
acompanhado de atos bárbaros, como a execução do arqueólogo Khaled al-Asaad, que
dedicou a vida à proteção das ruínas.

Mesmo após a retomada do controle da cidade pelo governo sírio com apoio da
Rússia,
em 2016, Palmira segue marcada pela destruição. Colunas derrubadas, sarcófagos
decapitados e arte coberta de tinta branca são alguns dos vestígios da guerra. A
paisagem é ao mesmo tempo desoladora e fascinante.

ESPERANÇA ENTRE OS ESCOMBROS

Hoje, com a diminuição dos combates e a abertura gradual de áreas antes
inacessíveis, Palmira volta a receber visitantes, ainda que timidamente. “Apesar
do bombardeio e da devastação, ainda há civilização aqui”, disse Ziad Alissa, um
médico sírio radicado na França que visitou recentemente o local, ao NY Times. A
frase ressoa com força entre brasileiros descendentes de sírios, como os muitos
anapolinos que carregam no sangue a memória e o amor por essa terra ancestral.

Palmira, apesar de mutilada, continua sendo um símbolo poderoso da capacidade
humana de criar e resistir. Sua história não é apenas uma narrativa de glória
antiga, mas também um alerta e um apelo: que o patrimônio cultural precisa ser
protegido.

POR QUE PALMIRA IMPORTA PARA ANÁPOLIS?

Muitos anapolinos com ascendência sírio-libanesa carregam em seus sobrenomes e
tradições o reflexo de uma herança milenar. A cultura, os valores familiares, a
gastronomia e a fé foram transmitidos por gerações — e Palmira, mesmo distante, faz parte dessa conexão emocional e
identitária.

Por fim, valorizar a história de Palmira é, em parte, valorizar a própria
história de tantas famílias que ajudaram a construir Anápolis. Conhecer essa
cidade milenar, todavia, é também um reencontro com as raízes que atravessaram o
oceano para fincar no coração do Brasil.

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